[Resenha] "O Leopardo", Jo Nesbo:

13:59


"Como um leopardo. Alguém lhe contara que o leopardo era tão silencioso que podia esgueirar-se para pertinho da presa no escuro, e podia ajustar o fôlego para respirar no mesmo ritmo que você. Podia prender a respiração quando você prendia a sua. Ela tinha certeza de que podia sentir o calor do corpo dele. O que ele estava esperando? Ela voltou a respirar. No mesmo instante sentiu o hálito de alguém na nuca. Ela se virou, golpeou, mas acertou apenas o ar. Ela se encolheu, tentou se encolher, se esconder. Em vão."

FICHA TÉCNICA
Livro: "O Leopardo" - Volume 09 da série "Harry Hole"
Autor: Jo Nesbo
Gênero: Romance Norueguês/Suspense
Ano: 2014
Páginas: 599
Editora: Record

Sinopse:
Ao trocar a fria Oslo por Hong Kong, Harry Hole encontra refúgio no ópio, no álcool e nos jogos de azar para fugir de sua antiga vida. Porém, por mais que ele tente se manter afastado, um sórdido assassino consegue trazê-lo de volta à realidade. Duas mulheres são encontradas afogadas no próprio sangue, e uma terceira é morta por enforcamento. A cobertura da imprensa provoca grande comoção na cidade. Não há pistas do assassino, a única conexão entre as mortes é o fato de que todas as vítimas passaram a noite em uma cabana isolada nas montanhas. Conforme a investigação avança, Harry tem certeza de que está lidando com um perigoso e implacável assassino, que escolhe suas vítimas a dedo. Porém, ele não imagina que, ao assumir o caso, coloca-se também na mira desse perigoso psicopata. 

Apesar de ter iniciado a leitura da série pelo 8º volume, não me senti prejudicada na compreensão do conteúdo por não ter lido os primeiros volumes. 
Primeiro ponto que merece total destaque:  o autor demonstrou seu domínio na criação de momentos de agonia, com cenas completamente capazes de causar aflição. Com uma escrita detalhada, Jo Nesbo não apenas se mostra capaz de descrever muito bem os cenários, como também consegue fazer reflexões interessantes através dos pensamentos e emoções de suas personagens, muito bem delineadas de acordo com suas características particulares. Harry Hole é o anti-herói, desapegado de prestígio e comprometido com a luta contra o mal, mas que vive seus próprios conflitos interiores contra seus demônios, sobretudo o alcoolismo. Entretanto, nenhuma personagem apresentada segue uma linha estereotipada: embora algumas pendam mais para uma apresentação positiva e outras para uma mais negativa, todas se mostram complexas. Essa característica, em especial, dá a impressão de tornar os personagens mais reais, mais "gente como a gente". 

“A conversa na frente do carro havia terminado, e Harry fixou o olhar na parte de trás da cabeça de Kaja. Como o Amazon de Bjørn Holm tinha sido fabricado muito antes de alguém inventar o termo trauma cervical, não havia encosto de cabeça, e com o cabelo dela em coque, Harry podia ver o pescoço fino, a penugem branca na sua pele, e meditou sobre a vulnerabilidade das coisas, sobre a rapidez com que tudo podia mudar, sobre tantas coisas que podiam ser destruídas em questão de segundos. Era isso a vida: um processo de destruição, uma desintegração de algo que a princípio era perfeito. O único suspense era se seríamos destruídos de repente ou lentamente. Era um pensamento triste, mas agarrou-se a ele mesmo assim.”

A investigação de homicídio toma o primeiro plano do enredo, no entanto, outros conflitos assumem importância e contribuem para a construção de uma profunda teia de acontecimentos, como a luta entre a Divisão de Homicídios e a Kripos, nova divisão policial de Oslo, o agravamento da doença do pai de Hole e o próprio combate interno enfrentado pelo protagonista. 
Jo Nesbo conseguiu me surpreender por diversas vezes ao longo da leitura, trazendo conclusões inimagináveis. Muitas reviravoltas no enredo, inclusive, não necessariamente diretamente ligadas ao caso, tiveram igual impacto em mim.

“O que é, onde está, aquilo que transforma alguém num assassino? (…) Pessoalmente, acho que a capacidade de matar é essencial qualquer ser humano saudável. Nossa existência é uma luta pelo próprio lucro, e aquele que não consegue matar o próximo não tem direito a existir. Matar, afinal, é apenas adiantar o inevitável. A morte não abre nenhuma exceção, o que é bom, pois a vida é dor e sofrimento. Nesse sentido, todo assassinato é um ato de caridade. Você só não consegue perceber isso no momento em que o sol esquenta sua pele e a água molha seus lábios, e você sente em cada batida do coração a vontade idiota de viver e se dispõe a pagar por qualquer migalha de tempo com tudo que conquistou durante a vida: dignidade, status, princípios. Nesse momento é preciso mergulhar nas profundezas, ir além da luz confusa e ofuscante. Entrar na fria e reveladora escuridão. E compreender o núcleo rígido. A verdade. Porque era isso que eu tinha que encontrar. E foi o que encontrei. O que transforma uma pessoa em um assassino.”

Os fãs de thrillers policiais não podem deixar de conhecer Harry Hole e seus casos! Aos que tiverem oportunidade, a editora Record também publicou os primeiros volumes da série – que atualmente conta com 10 livros, 4 ainda não lançados no Brasil (a série começou a ser publicada pelo 3º volume).

É isso, pessoal! Espero que vocês tenham gostado da resenha de hoje! Quero saber de tudo nos comentários... 
Beijinhos!

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2 comentários

  1. Amei o estilo do livro, apesar de não ler tanto esse estilo. Amei sua resenha!
    http://blogmichaelvasconcelos.blogspot.com.br/

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